Que entendemos por osteoartrite? Osteoartrite é a doença degenerativa da articulação que comporta inflamação, degeneração, aumento do volume sinovial, calor, vermelhidão e dor.

Se analisarmos a fisiopatologia da osteoartrite, chegamos à conclusão de que esta é uma doença crónica, caraterizada pela dor articular, que afeta a capacidade funcional e altera consequentemente a qualidade de vida do paciente.

Artrosis canina

As mudanças estruturais, histológicas e bioquímicas dão-se principalmente na cartilagem articular. Atualmente temos que englobar a osteoartrite nas doenças que se dão no conjunto de uma articulação - cartilagem, membrana sinovial e osso subcondral, independentemente da inflamação sinoval se refletir ou manifestar em muitos dos sinais da osteoartrite e além do edema, tumefacção, calor, vermelhidão.

Existem já estudos que certificam a relação entre a sinovite e a cronicidade e progressão do processo artrósico. Em suma, trata-se de um processo inflamatório no qual intervêm vários elementos diferenciados histologicamente: a cápsula articular, os ligamentos intra-articulares e as suas bainhas de inserção, o osso condral, a cartilagem saudável que é a de não apoio, a cartilagem danificada, o líquido sinovial e a membrana sinovial.

Cada uma destas estruturas apresenta uma caraterística de tecidos distintos, isto implica inervação, fluxo sanguíneo, capacidade de intercâmbio osmótico intra-articular, com resistências diferentes e biomecanicamente distintas.

O único denominador comum a todas estas estruturas é a membrana sinovial e o líquido sinovial. A membrana e o líquido sinovial representam os elementos de interface dentro da articulação. Quando a articulação está normal, ajudam ao transporte e movimento das suas partes ósseoarticulares de uma forma suave e harmónica. Num joelho em movimento, a membrana sinovial forma quatro dobras, separando ou dividindo o joelho em quatro hemisférios. A rótula desliza intercondilarmente com a fricção necessária para produzir movimentos de flexão e extensão; a tíbia e os seus meniscos suportam o peso do terço posterior, transmitindo as suas forças através dos côndilos femorais, que por sua vez no movimento do animal giram sobre os meniscos, produzindo um movimento de translação (CIR, centro instantâneo de rotação).

O líquido sinoval lubrifica a articulação e ajuda com o seu volume a manter a congruência articular. A membrana sinovial nutre a parte líquida da articulação e atua como fonte bioquímica de intercâmbio. A cartilagem nutre-se ou enriquece-se no intercâmbio nos movimentos de compressão e distração do líquido sinovial.

Desde as estruturas ósseas e da cápsula, aparecem as dobras sinoviais ou membranas sinoviais, que adquirem diferentes formas dependendo do estado da articulação. Conhecemo-las por vilosidades, estruturas muito vascularizadas. Têm uma forma de cortinas penduradas e às vezes têm formas florais, de folhas, etc.

Atroscopicamente, através da intervenção artroscópica, é a uma forma de apreciar a membrana sinovial. Watanabe, médico japonês do século XX, publicou um trabalho de muito mérito, no qual qualifica as lesões articulares, a partir das formas da membrana sinovial, por reincidência e reiteração na forma (publicado em Argos). A partir destes conhecimentos, damo-nos conta que além da cartilagem degenerada, o processo subcondral da inflamação de tendões e bainhas, o que mais dor produz nos processos artrósicos é sem dúvida a sinovite. A inflamação da membrana sinovial com a mudança da forma das suas vilosidades e o aumento de volume articular são os pontos a tratar de início.

Fizeram-se estudos sobre a ação do sulfato de condroitina sobre a sinovite e os derrames articulares. O estudo GAIT, dirigido pelo Dr. Daniel O. Clegg, da Universidade de UTA, EUA, comprovou que glucosamina e sulfato de condroitina melhoravam as situações de sinovite, ganhando flexibilidade e diminuindo a dor.

O sulfato de condoritina atua reduzindo a intensidade da dor e melhorando a funcionalidade articular. Tem uma ação anti-inflamatória que proporciona a melhoria da congruência articular e, em consequência, favorece a funcionalidade flexão-extensão. A dor diminui através de mecanismos que têm que ver com a redução da produção de fosfolipase, A2 (PLA2), COX 2 e concentração de PGE2.

Também podemos falar da capacidade da condroitina de sintetizar os componentes da matriz da cartilagem, o colágeno tipo II, glicosamino glicano e proteoglicano, causando a redução do espaço intra-articular e favorecendo a congruência articular ao diminuir o volume do líquido intra-articular. Outros estudos recentes avaliam a ação do sulfato de condroitina na atividade mitocondrial, encondrocitos artrósicos humanos. Ao melhorar a actividade mitocondrial basal despolarizando-a, melhora a síntese do ATP (energia celular e transmissor de regeneração). Bioquimicamente, com este ensaio avaliamos a sua capacidade de atuar sobre a matriz dos problemas e se ajuda a metabolizar, regenerar e desinflamar, ao produzir um efeito analgésico.

Demonstrou-se que a sinovite do joelho em pacientes artrósicos é um fator de risco significativo da degradação da cartilagem que em consequência favorece o avanço da doença.

A avaliação da gravidade da sinovite e da sua progressão é muito importante. O diagnóstico é feito sempre através da artroscopia ou por RNM. Este conhecimento ajuda-nos a avaliar que tipo de medicação administrar. Ecograficamente está a começar-se a avaliar as sinovites articulares sobretudo no joelho. E se a ideia é limpar a articulação, a via artroscópica será a melhor. Faz-se uma lavagem articular, pode biopsiar-se as sinoviais que interessem e raspar a articulação, realizando uma sinovectomia.

Para terminar, a relação entre a inflamação da membrana sinovial e o processo artrósico forma-se a partir de uma série de fatores desencadeadores que têm que ver com as sobrecargas mecânicas da articulação e os microcristais, e determinados procedentes da degeneração da cartilagem - lixo intra-articular.

Estes produtos atuam como partículas antigénicas, em resposta às quais a membrana sinovial sintetiza uma série de mediadores bioquímicos que são conhecidos como catabolizadores que destroem a matriz cartilaginosa. Este processo conduz à destruição da cartilagem.

Podemos afirmar que hoje, a melhor solução perante uma articulação artrósica com boa congruência articular, é a limpeza articular via artroscopia, sinovectomia, a raspagem articular, a lavagem com Ringer Lactato e a lavagem com Providona Yodada, que deixarão a articulação pronta para começar um processo de neoregeneração. Os fatores de crescimento quando monitorizados farão do paciente um animal funcional e sem dor. A sua monotorização consistirá na utilização de condroprotetores, uma alimentação especial para animais de idade com problemas articulares e, em momentos de crise ou trauma não desejado, anti-inflamatórios tipo COX II. A prudência e a mínima agressividade são sempre muito agradecidas por parte da articulação artrósica.

Artigos publicados na revista Argos, Alexandre Tarragó Riverola, CVSF (Clínica Veterinária Sagrada Familia). IVOT (Instituto Veterinário de Ortopedia y Traumatologia). CEV (Centro de Especialidades Veterinárias).

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