A mielopatia degenerativa é uma doença degenerativa da medula espinal também chamada de “mielopatia degenerativa do Pastor Alemão” em virtude da ocorrência de casos particulares nesta raça. No entanto, é uma doença descrita noutras raças, especialmente em raças grandes, mas que também pode dar-se em gatos.

A mielopatia degenerativa dá lugar aos primeiros sintomas clínicos entre os 5 e os 14 anos de idade, mas também pode ocorrer em animais mais jovens. Demonstra predileção por sexo.

Etiologia

A causa é ainda desconhecida. Há várias hipóteses, mas nenhuma demonstrou ainda uma evidência científica fiável. Estas hipóteses falam de deficiências nutricionais, problemas degenerativos e mecanismos autoimunes.

Com efeito, para suportar a primeira hipótese, decreveu-se em alguns pacientes com mielopatia degenerativa, uma enteropatia crónica concomitante associada com a proliferação posterior anormal de bactérias no intestino delgado, a má absorção e redução dos níveis sanguíneos de vitamina E e vitamina B12. No entanto, a administração de vitamina B12 por injeção nos cães resultou ineficaz para parar o desenvolvimento dos sintomas. Além disso, um estudo recente com 25 cães com mielopatia degenerativa exclui as deficiências de vitamina E das possíveis causas da doença.

A hipótese da imunomediada apoia-se na constatação da alteração das respostas mediadas por células e infiltrado linfocitário em vários órgãos de cães com mielopatia degenerativa.

Alguns autores acreditam que é uma doença degenerativa no desenvolvimento tardio de base genética.

Os sintomas clínicos

Os déficits propriocetivos são significativos, dada a ataxia dos membros traseiros e a paraparesia leve.

A falta de coordenação é muito mais evidente na paralisia. Este aspeto permite ao médico avançar com a suspeita de mielopatia degenerativa, mais que qualquer outra doença da medula óssea.

A ausência de uma resposta dolorosa à apalpação da coluna vertebral e um conjunto de fatores tais como respostas insignificantes ao tratamento com AINES ou corticoesteróides, e a incapacidade do dono para determinar o início dos sintomas, apontam também para uma mielopatia degenerativa.

No exame dos pontos reflexos espinais nas primeiras etapas da doença, observa-se normo ou hiper-reflexia patelar e nos mais avançados hiporeflexia lombar.

O controlo de esfíncteres é muitas vezes preservado.

A evolução progressiva do agravamento dos sintomas clínicos produz-se num período entre os 6 e os 36 meses, mas em média estabelece-se paraplegia em 12 meses. Neste caso, muitos destes pacientes são submetidos à eutanásia.

Diagnóstico

A mielografia da medula espinal toráxica e lombar, para excluir patologias de compressão, e o exame do líquido cerebrospinal são convenientes para assegurar o diagnóstico.

Tratamento

Não há nenhum protocolo de tratamento de eficácia comprovada.

Utiliza-se uma combinação de exercício, suplementos vitamínicos e ácido amino-capróico.

A natação moderada e a terapia física são úteis na preservação da atrofia por desuso dos músculos das patas traseiras.

As vitaminas do complexo B e vitamina E reduzem a degeneração do sistema nervoso.

O ácido amino-capróico parece parar a progressão da doença em função da sua atividade antiprotease.

O uso de corticosteróides, as doses imunosupressoras, utilizam-se apenas em períodos de tempo limitados e recorrência dos sintomas.

O prognóstico para estes animais é mau.

Existem produtos no mercado como o biko brace ou as mantas térmicas para cães que podem ajudar a melhorar os sinais clínicos, reduzindo a ataxia. Não curam a doença, mas melhoram a sintomatologia.

Neuropatologia

As lesões histopatológicas extenderam-se à substância branca da medula espinal. Estas podem afetar todo o osso, mas geralmente concentram-se nos segmentos de fluxo toráxico e craniano.

Alguns autores excluem a participação do cérebro, no entanto, recentemente observaram-se lesões isoladas do tronco cerebral. A sua implicação e consideração clínica ainda não são claras.


Dra. Annaluce Costabile

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